Pergunta: Gostaria de saber se há relação entre os meses judaicos, as tribos de Israel,
e os "signos do zodíaco" e de que forma se daria isto, em caso
afirmativo.
Resposta:
O judaísmo não duvida que há um sistema inteiro no universo de astros e
planetas que exercem influência sobre as criaturas. O Talmud enfatiza:
"Malchuta deará ke'en malchuta derakiá", "O reinado aqui é um
reflexo do Reinado Celeste".
Desta forma, astros
e planetas influenciam criaturas e o astro (mazal) pode tornar a pessoa mais
rica e mais sábia. Sabemos também que as marés, as estações e clima ao longo
do ano, e até memso o ciclo menstrual dependem dos planetas. No entanto, ao
receber a Torá no Monte Sinai, o povo judeu foi colocado acima destes
mazalot. O que vem a ser mazalot?
Há doze meses
judaicos, doze signos do zodíaco, denominados mazalot, e doze tribos de
Israel. E entre eles há uma estreita afinidade e correlação.
Segue aqui a relação das tribos, meses e signos.
Nissan - Áris - Yehudá
Iyar - Touro - Yissachar
Sivan - Gêmes - Zevulun
Tamuz - Câncer - Reuven
Av - Leão - Shimeon
Elul - Virgem - Gad
Tishrei - Libra - Efraim
Cheshvan - Escorpião - Menashe
Kislêv - Sagitário - Binyamin
Tevêt - Capricórnio - Dan
Shevat - Aquário - Asher
Adar - Peixes - Naftali
O mês de Nissan,
cujo símbolo é Áries (carneiro), representa a tribo de Yehudá, que é a
dinastia que gerou o rei David. Os reis, os monarcas, os líderes, são sempre
descendentes da tribo de Yehudá, inclusive Mashiach (Messias), que será
descendente desta tribo. "Hachodesh haze lachem rosh chodashim",
"Este mês será para vocês o líder dos meses", como escrito na Torá
coloca o mês de Nissan como o primeiro da lista. A palavra "lachem"
(para vocês) tem as mesmas letras que Melech,que significa rei. Nissan,
também representa o cordeiro pascal de Pêssach, onde também se vê a conotação
com seu símbolo, o carneiro.
O mês de Iyar
representado pelo touro, corresponde à Tribo de Yissachar, composta por
grandes eruditos da Torá. Neste mês procedemos a contagem do ômer (entre
Pêssach e Shavuot) nos preparando para o recebimento da Torá (no mês de
Sivan).
Notamos que os dois
primeiros meses do ano estão relacionados com animais. Durante estes dois
meses trabalhamos com a elevação de nossa alma animal a fim de nos refinarmos
para receber a Torá no terceiro mês, Sivan, representado por gêmeos e que
corresponde à tribo de Zevulun. "Gêmeos" representa duas partes que
se unem: D'us e o povo de Israel, a união entre o material e o espiritual, já
que foi neste período que Céus e terra foram criados.
Também representa a
Torá escrita e a Torá oral. Tamuz, câncer, cuja tribo é Reuven é o quarto mês
nesta ordem. Neste mês, parte da tribo de Reuven rebelou-se contra Moshê e
ficaram ao lado de Côrach, num episódio muito triste para o povo judeu.
Av que está ligado
à tribo de Shimon e o quinto mês – representado pelo leão – também foi
marcado por um episódio negativo de assimilação, quando um dos líderes de
Israel, Zimri, demonstrou abertamente sua ligação com Cozbi, uma midianita,
filha de um príncipe, resultando em muitos mortos onde a honra de Israel foi
restituída através do ímpeto de Pinchás.
O signo de Elul, o
sexto mês, é virgem ligado a pureza e santidade. Simboliza o mês da teshuvá,
retorno a D'us. É nele que nos preparamos para Rosh Hashaná e Yom Kipur avaliando
nossas ações e nos arrependendo de nossos pecados.
O mês seguinte
Tishrê, onde ocorrem as festas de Rosh Hashaná entre outras, é representado
pela balança em alusão ao "peso" de nossas ações e ao julgamento de
D’us sobre nossos atos , aliás, o que resultará que ano mereceremos ter no
ciclo que se renova no calendário judaico.
Cheshvan,
escorpião, é o mês do dilúvio, que quase disimou a humanidade. Em hebraico, a
palavra escorpião é acar beit, aquele que destrói a casa, destrói o mundo.
E assim ocorre com
os demais meses completando o ciclo.
Apesar de os demais
povos não receberem nenhuma proibição sobre consulta aos astros, o povo judeu
é proibido de recorrer a este instrumento. O Zohar, menciona que "O povo
de Israel ficou sob a influência dos astros até a outorga da Torá no Monte
Sinai. A partir do momento em que recebeu a Torá, o povo deixou de depender
dos estrelas e constelações. Obviamente, quando alguém se afasta dos caminhos
da Torá, volta a receber esta influência natural dos astros."
Conforme
estabelecem nossos sábios: "Ein mazal le Israel", "Não há
mazal (influência astral) ao povo de Israel". Pois esta pode ser mudada
drasticamente através do livre arbítrio e de bons atos praticados.
A Torá traz: "Tamim
tihiê im Hashem Elokecha.", "Seja íntegro com o Senhor, teu
D’us" (Deuteronômio 18:13) o que exclui a possibilidade de recorrer a
astrólogos ou orientar-se através de horóscopos. Não nos deixemos ser levados
pelos "ventos", nem as "marés". Que os astros continuem
servindo para definir as estações, orientar embarcações, etc. Nossa bússola é
outra: que a fé que nutrimos em um D’us único seja sempre íntegra e absoluta.
Nele devemos confiar nosso verdadeiro "Mazal" – obviamente fazendo
nossa parte: nos tornando recipientes dignos de Suas bênçãos através do
estudo da Torá e prática das mitsvot… na terra; o mundo das ações.
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